domingo, 12 de setembro de 2010

O sonho de voar

Eu tinha sete anos quando tudo começou.

Juntei alguns pedaços de papel ofício, cortei em um tamanho que considerava belo. Digitei algumas palavras na antiga máquina de datilografar de meu pai, fiz alguns desenhos, grampeei tudo.

Pronto. Meu primeiro livro.


Não me recordo o nome, não me recordo o assunto.



Sete anos mais tarde, outro ciclo.


Foto: Ícaro Mares

Dessa vez, a menina queria ser poeta. E isso tudo por causa do Pessoa. Lia aquele livrinho que pertencia à coleção do Estadão. De trás pra frente, de frente pra trás. Amava.

E eu escorregava nos primeiros versos. Bem adocicados, falando de amor. Alguns queriam ser engajados... Ninguém os via e eles permaneceram assim por muito tempo.


Mais um ciclo.


Dessa vez, eu trazia alguma tristeza na alma e a inquietude incessante de quem deseja engolir o mundo em alguns segundos. Um colega de faculdade descobriu os meus rabiscos que eu, aleatoriamente, tinha denominado de Id e Superego decidem brigar. Foi assim que minha poesia nasceu pros outros e eu entrei para a Ordem dos Versáticos.


Aos vinte e oito anos, muita coisa já era diferente. A vida já era bem mais real. A literatura tinha ficado esquecida. O que valia até aqui era a busca pelo metal (que nunca apareceu realmente).

Após tanta procura exterior, resolvi explorar a mim mesma. Fechei os olhos para voar.

Tudo veio como um horizonte no instante da aurora. Digitei, juntei tudo. Agora só faltavam os desenhos. Achei o desenhista: Ayrton Pessoa. Agora, mais uma vez, faltava o metal...

Resolvi fechar os olhos novamente e acreditar que alguma ordem universal me levaria até a Fábrica de Asas. E assim aconteceu.


(Aguarde as cenas do próximo post!)


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